# Tempo de trabalho não lhe torna experiente
> Uma reflexão sobre ação e responsabilidade no desenvolvimento profissional
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Com quanto tempo de trabalho um profissional se torna experiente?
Acredito que é natural ao menos hesitar ao pensar uma resposta para essa questão. Eventualmente me pergunto quando eu mesmo poderei me considerar experiente no meu ramo atual.
Nesse texto vou examinar uma hipótese pessoal sobre esse problema:
(a) tempo de trabalho apenas se transforma em experiência quando somos produzimos conhecimento ativamente em nosso espaço de trabalho.
Não quero dizer que apenas são experientes aquelas pessoas que publicam artigos científicos, fazem palestras, etc. Produzir conhecimento aqui significa: entender. Por incrível que pareça para algumas pessoas, aprendizagem é um processo ativo.
Você pode assistir uma aula de 1 hora sobre qualquer assunto, e ao final dizer que aprendeu algo sobre aquele assunto. Falso!
Nosso cérebro é preguiçoso. O que você sente ao final de uma aula assistida não é aprendizado. Isso se chama Ilusão de Familiaridade.
Nosso cérebro frequentemente produz em nós uma falsa sensação de que entendemos algo, para economizar energia. É por isso que momentos depois “esquecemos” muitas informações de materiais que acabamos consumir, e em algumas semanas esquecemos tudo. Não e trata de memória, isso é sobre nossa forma de conhecer.
Uma vez conheci um senhor, que trabalhava num ramo específico há pelo menos 29 anos. Eu cheguei no local para prestar um serviço. Jovem, com cerca de 25 anos, os cursos e treinamentos frescos na mente, e sempre aberto para aprender mais.
Fiquei algumas semanas trabalhando nessa empresa, e esse período foi especialmente frustrante. Esse senhor, estava quase a três décadas trabalhando com a mesma coisa. Formação técnica, superior, pós…
No entanto, era flagrante o profundo desconhecimento sobre o básico da técnica, do equipamento, sobre as normas vigentes. Parecia que além de certos truques rotineiros, seu trabalho nesses 29 anos foram apertar o botão quando a luz verde acendesse e voltar para casa.
Não imagino em que sentido poderíamos dizer que esse profissional é experiente. Faltava nele algo que poderia ter transformado todos esses anos numa sólida base de conhecimento sobre aquele trabalho: ação.
Não quero parecer crítico, o ponto aqui não é apontar defeitos. Esse episódio se tornou uma reflexão, e uma preocupação, para mim.
Tenho o receio de passar os anos da minha vida profissional apenas vendo as coisas acontecerem passivamente. Não. Eu trabalho todos os dias para entender as coisas que acontecem à minha volta, saber como funcionam e como poderiam funcionar.
Para se tornar experiente, é preciso tempo, sim. Porém, é preciso mais que isso. Estou falando de buscar informações, perseguir problemas, explorar ideias, tomar notas, conectar ideias e estar em diálogo com colegas. Isso elimina a Ilusão de Familiaridade e cria conhecimento.
Experiência não é adquirida passivamente, é construída dia após dia. Não é a quantidade de tempo que irá definir sua experiência, mas a qualidade das suas ações como profissional em sua trajetória.